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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Consangüinidade.

Hoje em dia é realmente fato que a utilização da consangüinidade, quando aplicada de maneira correta, pode trazer grandes benefícios para um programa de seleção genética consistente. No entanto, há várias maneiras de utilizá-la. A consangüinidade muito próxima, entre pais e filhos, irmãos próprios e até mesmo meio-irmãos não é o método mais utilizado em programas de seleção genética de médio e longo prazo, que visam principalmente o aprimoramento genético consistente. Esses acasalamentos citados, embora possam ser realmente úteis em situações específicas, irão proporcionar, em um curto período a produção de "clones" do indivíduo fundador da linhagem. Esse, certamente não é o principal objetivo de um programa consistente de aprimoramento genético que, como o próprio nome diz, busca sempre "ir além", produzindo a cada geração indivíduos mais elaborados .
Nesse tipo de programa de seleção genética, os acasalamentos mais utilizados são aqueles que abrangem a consangüinidade mais distante, como por exemplo "Tio-Sobrinho", "Avós-Netos" e muito esporadicamente em casos de real necessidade para se perpetuar algum patrimônio genético "quase" extinto, os chamados meio-irmãos. Não bastasse isso, a consangüinidade mais próxima (pais com filhos, irmãos com irmãos) aumenta em muito a possibilidade de ocorrência das chamadas "homozigoses indesejadas", que nada mais são do que justamente a possibilidade de genes recessivos causadores de problemas físicos, que podem eventualmente estar sendo portado por um determinado exemplar, acabarem por se manifestarem pela ocorrência do confronto gênico que esse tipo de acasalamento propicia em uma porcentagem muito maior.
Em todos esses anos em que venho desenvolvendo as minhas próprias linhas de sangue, pude constatar "na prática", que o tipo de acasalamento consangüíneo que mais oferece bons resultados, no que diz respeito ao aprimoramento genético, e com um risco muito menor de ocorrência de problemas físicos é, certamente, o acasalamento entre "Tio-Sobrinho". Já li artigos sobre a utilização do "in-breeding" (consangüinidade bem próxima), que defende a idéia de que esse sistema seria o "ideal" para se homogeneizar um plantel. Se a intenção for formar um plantel de "clones", acredito que seja pertinente essa afirmação.
No entanto, os grandes criadores da atualidade conseguiram uma consistência extraordinária nas suas linhas de sangue através do "Line-Breeding", que é justamente essa consangüinidade mais distante, principalmente entre tios-sobrinhos. Vale lembrar, também, que seguir de maneira intransigente qualquer "fórmula mágica" para se produzir periquitos campeões, seja no processo de seleção genética e até mesmo na criação e manejo, levará qualquer criador bem intencionado ao caminho da "frustração e da amargura".
O que esses grandes criadores fazem no que diz respeito ao programa de seleção genética, é sim a utilização do que eu chamaria de "sistema híbrido", onde se desenvolvem efetivamente as linhas de sangue, mas ao mesmo tempo também se busca o aprimoramento das mesmas através do choque de indivíduos que mesmo que não sejam "parentes diretos", são oriundos de linhas de sangue consistentes, que já vem há muitas gerações sendo acasalados na consangüinidade indireta.
Esse processo é diferente do chamado "Out-Crosser", pois o Out-Crosser é caracterizado por acasalamentos entre indivíduos não aparentados e que também são originários de acasalamentos "aleatórios", sem a utilização da consangüinidade. A razão pela qual a consangüinidade permite a perpetuação de características físicas nos exemplares é pelo fato de que as características físicas são determinadas não pela ação de genes isolados (como ocorre na maioria dos casos na genética que determina as "cores" e os "desenhos de asas" dos periquitos), mas sim pela ação conjunta de vários genes (recombinação gênica), e que são desconhecidos pela ciência.
O que se consegue avaliar, é o resultado que essas recombinações gênicas propiciam, justamente através da criação de exemplares de alta qualidade. O que se faz então é agrupar esses exemplares em "famílias", formando-se assim as chamadas "linhas de sangue".
Na prática o que ocorre é que, no momento em que você está agrupando esses exemplares em famílias, você também está conseqüentemente, selecionando essas chamadas "recombinações gênicas" (que produzem os aspectos físicos desejáveis), mesmo sem conhecermos cientificamente "quem são elas" e "como elas agem". Essa prática, ao longo do tempo, geração após geração, é que permite o desenvolvimento de linhas de sangue e de plantéis extremamente consistentes, que atravessam décadas.

Fúlvio Lucietto
Juiz OBJO

Grande abraço à todos.

Leia mais:
Consangüinidade, uma técnica, muitas dúvidas.
Tabela das cores nos periquitos australianos.
Variação de melaninas: As marcações nos periquitos
A base das cores dos periquitos

1 comentários:

Julio Dutra disse...

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